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Chibamba - 01

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Description

O jogo Batalha de Mitos faz parte do projeto de nome Mitos da Terra fruto da parceria entre as empresas Alpha Centauri e Sinergia Games. O BDM será um jogo de cartas colecionáveis baseado na cultura brasileira onde serão apresentados famosos mitos como o Saci e o Curupira, assim como as divindades indígenas e afro-brasileiras. Neste game será possível a utilização de cartas em partidas nas quais os personagens irão batalhar entre si. O game poderá ser jogado por duas ou quatro pessoas e tem como público alvo jovens e adultos. O BDM poderá ser classificado como um jogo de tabuleiro havendo a presença de uma arena de batalha, cartas colecionáveis e objetos acessórios (dados, marcadores, etc). Tais tipos de jogos podem ser considerados até certo ponto como casuais, ou seja, serão utilizados pelos jogadores em momentos específicos. Podemos imaginar que haverá uso por jovens no colégio e em reuniões com seus amigos, já para os adultos apenas em momentos de lazer onde a disponibilidade de jogos virtuais seja menor. Nesta primeira versão do card game será produzida uma edição limitada de 120 cartas contemplando 60 cartas baseadas nas Divindades Indígenas e 60 castas baseadas nas Divindades Afro-brasileiras. Esta serão divididas em 5 elementos: Terra, Água, Ar, Fogo e Éter. 

Mais Informações em: www.batalhademitos.com.br
Publicação no Facebook: www.facebook.com/batalhademito…

Resumo:
Ele é um dos mitos brasileiros na linha dos assustadores. Por estar nesse grupo, ele acaba assumindo o papel de amedrontar as crianças que se recusam a obedecer os pais quando são colocadas para dormir. A sua origem é inexata, mas estão claras as suas raízes africanas. Atualmente ele é mais referenciado aqui no Brasil no estado de Minas Gerais, mas em cada canto do país há outros mitos que assumem o mesmo papel que ele. Foram encontradas indecências de um sobrenome na Zâmbia similar ao nome deste mito. Este país esta praticamente na mesma posição tropical do estado de Minas Gerais onde o mito é referenciado no Brasil. Resolvemos fazer uma ligação entre este mito e um dos filhos da orixá Iansã, o Egungun. Ambos se apresentam com uma voz bastante rouca e outro ponto que os relaciona é o formato das vestimentas que cobrem todo o corpo. 

Justificativa:
A decisão do Chibamba para representar o mito na estrutura relacionada com a divindade Iansã foi bastante cuidadosa e trabalhosa. Enquanto estávamos levantando as possibilidades tivemos dificuldade em encontrar relacionamentos mais diretos. Isto aconteceu com muitos orixás, pois o folclore brasileiro tem uma forma maior relacionada com as divindades indígenas. Ainda assim insistimos em nossas pesquisas e montamos uma lista de possibilidades. Não removendo, é claro, as critérios de coincidências encontradas de forma intuitiva. Ao decidir por Chibamba, nos baseamos em alguns fatores os quais demos maior relevância. O fato do nome Chibamba ser também um sobrenome de pessoas residentes no país africano, Zâmbia, sem dúvidas foi um dos fatores relevantes. Foi uma grande surpresa encontrar o termo deste mito como sendo também um sobrenome. Ao pesquisar um pouco mais a fundo, ainda pudemos perceber que o país onde o sobrenome Chibamba é mais utilizada poderia ter tido maiores relacionamentos com o nosso país. Isto devido ao fato de que inicialmente houve uma tentativa de colonização portuguesa daquela região. Esta tentativa foi sobreposta pelo poderio inglês que foi o responsável por colonizar o lugar. Ao encontrar também referências que esclarecem o entendimento sobre os eguns, certamente relacionamos as vestimentas das suas celebrações com o aparato de folhas de bananeira utilizado pelo Chibamba. Outro fator que reforçou ainda mais foi devido ao Chibamba ter uma voz rouca assim como é relatado quanto a um dos filhos de Iansã, o Egungum. Postas em pauta todas essas relações e coincidências, estamos certos de que o Chibamba deveria ser o mito a ser selecionado e assim o fizemos. Bastante motivados ainda buscamos por outras correlações e as encontramos. Será possível observar muitas delas na ilustração e nos textos produzidos a cerca da mesma aqui na estrutura base do projeto.

Narrativa:
Na narrativa do projeto, buscaremos utilizar diversas referencias sobre este mito parar criar a sua representação neste universo. A partir das informações coletadas em nossa pesquisa, criamos a história do Chibamba conforme a seguir: O Chibamba na verdade tem um nome e não é uma criatura monstruosa como muitos podem tem o descrito. Ele é um homem que se veste de folhas de bananeira e uma série de outras indumentárias retiradas da natureza. Assim como tantos outros negros vindos para o Brasil, o Chibamba teve a sua família trazida para este país como um escravo. Seus pais eram habitantes da região na africa que atualmente é conhecida como o país Zâmbia. Devido ao imperialismo dos países europeus que faziam incursões em toda áfrica, eles decidiram fugir das guerras por território que assolavam a região onde viviam. Naquela época a sua família era composta apenas por seus pais que eram muito jovens e aventureiros. Certa vez quando desbravadores portugueses e ingleses estiveram em contato com os habitantes de suas terras, logo os pais do Chibamba perceberam que poderiam ser escravizados se não fugissem o quanto antes daquele lugar. Por esta motivação e devido à disponibilidade de viagens por ainda não ter filhos, o casal resolveu fugir imediatamente. Eles atravessaram a fronteira com Angola e decidiram viver viajantes por aquela região buscando chegar ao litoral e morar por aquele lugar. Durante esta viagem eles tiveram contato com diversos nativos daquelas terras e aprenderam sobre a cultura yorubá e seus orixás. Onde os pais do Chibamba viviam, eles apenas cultuavam os seus antepassados. Ainda que respeitassem rigorosamente as forças da natureza, a sua tribo não compartilhava do culto aos orixás. Certa vez, quando estavam bastante próximos de chegar ao seu destino desejado no litoral, eles passaram por uma situação bastante difícil. Enquanto dormiam numa aldeia que os acolheu, foram surpreendidos por guerreiros de uma tribo adversária junto com traficantes de escravos. Eles estavam ali em busca de fazer novos prisioneiros e aquela estava sendo uma prática muito comum entre as tribos daquela região. Devido às suas habilidades de viajar nos períodos noturnos, os pais do Chibamba conseguiram fugir naquela noite quando muitos dos que lhe deram abrigo foram apreendidos e escravizados. Enquanto elas caminhavam pelas matas desconhecidas, perceberam que havia algo estranho naquela noite. Era uma segunda feira e de alguma forma estranha eles tinham a sensação que estavam andando em círculos. Depois de muito tempo insistindo em encontrar o caminho certo, eles se deram por vencidos e pararam para pensar. Lembrando dos ensinamentos que tiveram nesse novo país, eles imaginaram que poderiam pedir ajuda aos orixás para sair daquela situação. A partir disto, logo resolveram juntar alguns objetos que encontraram na mata. Eles imaginavam que daquilo poderiam produzir uma oferenda e pedir auxílio por meio dela. Estavam muito enganados, afinal tal conhecimento do que ofertar em cada situação é guardado em segredo pelos sacerdotes desta religião. Ainda assim não estavam errados de todo, afinal os orixás que habitavam aquelas terras estavam observando eles e sabiam do pouco conhecimento que tinham. O casal preparou aquela oferenda e rogou para que Oxóssi, o orixá da caça, os ajudasse a sair daquelas matas. Ainda que a divindade tenha escutado aquele pedido, Oxóssi decidiu não interceder pode eles. Outra motivação para isto foi a insatisfação que Exu apresentava por não ter sido para ele o pedido e a oferta. Exu enfurecido resolveu se apresentar para aquele casal em cobrança da sua prioridade na entrega de oferendas. Como uma escuridão ainda mais negra que a noite, o Exu desceu sobre aquela monte de objetos arrumados como uma oferenda e os devorou por completo. O casal com medo se escondeu atrás de uma pedra, então Exu como uma cobra de fogo correu pelos ares entre as árvores se afastando do lugar. Os pais do Chibamba observaram tudo sem entender muito bem o que aconteceu. Eles imaginaram que sua oferenda havia agradado ao Oxóssi, imaginavam que aquela era uma representação desta divindade e então resolveram seguir por aquele rastro deixado pela cobra de fogo. Após alguns minutos caminhando eles enfim chegaram a uma encruzilhada e perceberam que havia uma figura estranha sentada em um dos cantos daquele lugar. Temeram de início, mas logo se aproximaram e perguntaram qual caminho seguir. Aquele senhor, que era o Exu disfarçado, falou a eles que observou tudo o que aconteceu com o casal. Ele disse que ambos agiram muito errado ao preparar aquela oferenda sem o conhecimento adequado. O velho lembrou que sempre que um orixá precisar ser solicitado, que devem sempre pedir primeiro a Exu. Somente ele tem a capacidade de fazer a ligação entre o mundo material e o imaterial. O casal entendeu imediatamente que realmente haviam esquecido deste ensinamento e então perguntaram se poderiam fazer algo em pedido de desculpas para que pudessem fugir logo dali. O senhor então disse que eles precisariam andar com a velocidade do vento de Iansã e somente desta forma conseguiriam fugir. Disse ainda que os traficantes de escravos estavam atrás deles a cavalo e logo chegariam a eles sem esse auxílio. Naquele momento então o senhor falou que deveriam fazer uma oferenda a Iansã para que ela os ajudasse dando a velocidade que precisavam e fazendo chover para atrasar os perseguidores. Como não havia material disponível nem tempo de preparo, o Exu então pensou em uma oferenda especial ao seu ponto de vista. Ele disse que o homem deveria cortar uma tira da pele de seu braço e lhe entregar. Somente desta forma ele faria a conexão com Iansã para que ela os ajudasse. Após dizer isto, ele retirou um punhal mantendo em seu rosto um sorriso amedrontador. Aquilo foi interpretado pelo pai do Chibamba como uma tentativa de um velho aloprado de se aproveitar numa situação em que eles estavam desesperado. Nesse momento ele ainda fez menção de partir para cima do senhor sentado, mas a sua companheira o impediu. Ambos não tiveram a capacidade de entender a simbologia proposta por Exu, afinal aquela era uma representação do poder de Iansã de se desfazer de sua pele de búfalo e virar mulher. Muito irritado com aquela descrença, o Exu então se revelou. Levantou-se enquanto sua capa levitava como se dotada de vontade própria. Ele olhou para aquele rapaz jovem em sua frente dizendo que por aquele desrespeito com um ancião ele pagaria com sua vida. A partir daquele dia ele estava amaldiçoado a ter oito filhos mudos e somente o novo filho falaria, mais ainda assim seria como um porco devido à forma suja como o seu pai julgou aquele sacrifício orientado. Exu falou ainda que fecharia todos os caminhos daquele casal e que abriria os caminhos de seus perseguidores para que os encontrassem. Ao nascer seu nono filho aquele homem morreria sem poder ouvir um descendente chamá-lo de pai. Somente este caçula poderia livrar a família daquela maldição se um dia se curvasse aos pés de uma verdadeira mulher guerreira. Após isto o Exu desapareceu em fumaça na frente deles. Poucos minutos depois chegaram os traficantes de escravos e aprisionaram o casal. Eles foram feitos de escravos e enviados para o Brasil. Ao chegar aqui tiveram dificuldade de se comunicar, pois onde ficaram haviam escravos de várias partes da áfrica que não os entendiam. O casal falava uma língua chamada bemba, ou chibemba, e por meio dela só conseguiam entender um ao outro. Algumas vezes que tentaram se comunicar, eles acabaram virando motivo de chacota dos demais que somente entendiam quando falavam o nome da língua: chibemba. Alguns, por dificuldade de entender o som acabavam falando Chibamba. Exatamente como o Exu havia anunciado, em cada ano que se passou o casal teve um filho. Ao nono ano chegou aquele esperado e a profecia se cumpriu. O pai do Chibamba faleceu ao nascimento do nono filho, mas este foi um dos maiores momentos de felicidade de sua vida. Ele viu seu caçula sorrir e chorrar agoniadamente, então pensou, sorrindo junto com sua mulher e seus outros filhos, que de fato lembrava um leitãozinho. Após isto sentou para descansar em um assento ao lado da cama e dali jamais acordou novamente. A mãe do Chibamba sabia que a partir daquele dia ela teria que criar seus filhos sozinha. Após alguns anos os outros escravos perceberam que aquele caçula era o único dos nove irmãos que não era mudo e que podia falar. Como sua voz era muito rouca e grave, os mais velhos logo lembraram dos seus pais quando chegaram falando uma língua estranha e por este motivo batizaram o menino com o apelido de Chibamba. Aquele pequeno rapaz foi crescendo sobre a chacota dos outros escravos devido à singularidade de infortúnios de seus familiares. Toda a sua família era sempre açoitada pelos feitores devido à dificuldade de comunicação que eles tinham. O Chibamba que pouco conseguia se comunicar vivia bastante nervoso, pois nada podia fazer para evitar tudo aquilo. Certo dia quando ainda era uma criança, ele soube que haveria um ritual na senzala que seria de culto aos espíritos dos antepassados. Ele ainda era muito novo e sua mãe não permitiu que ele saísse de casa naquele dia, afinal aquela cerimônia era proibida para as mulheres e ela não poderia acompanhá-lo. Nenhum dos seus irmãos era muito adepto de lugares com outras pessoas que não fossem da família e também se negaram a ir. O Chibamba queria muito comparecer àquele evento, pois gostaria de poder homenagear o seu pai. Então ele teve uma grande ideia, tentaria entrar no ritual caracterizado como um egum. Imediatamente ele foi para a floresta e juntou tudo que é tipo de mato que pôde encontrar. Percebendo que as folhas de bananeira lhe cabiam melhor, ele juntou várias delas e montou uma fantasia. Durante a preparação percebeu que era pequeno demais e seria rapidamente descoberto, então praticamente obrigou um de seus irmãos mais novos a ir com ele sem que os demais soubessem. Desta forma foram os dois, um pendurado nas costas do outro, embaixo de um monte de folhas de bananeira. Tudo estava dando certo, porém eles não sabiam exatamente como retornar para a senzala sem chamar muita atenção vestidos daquela forma. Resolveram dar a volta na casa grande passando exatamente pela janela do quarto do senhor daquelas terras. Foi nesse momento que o plano foi por água abaixo, pois lá estava a filha herdeira daquelas terras que teimava com sua mãe em não querer ir dormir. Quando ambas viram aquela criatura pela janela começaram a gritar. Logo chegaram os feitores no quarto e também viram a criatura. Os dois embaixo daquelas folhas logo saíram correndo, gritando e girando em um compasso desajustado. Os feitores correram para capturar o monstro, mas não conseguiram encontrar as duas crianças que desapareceram na mata. Somente no dia seguinte o Chibamba retornou para o encontro da sua família e explicou para sua mãe o que acontecera na noite anterior. Porém no momento em que falava, o local onde estavam foi invadido pelos feitores que procuravam os responsáveis por aquela brincadeira de mal gosto. O Chibamba viu seu irmão ser imediatamente preso pelos agressores e eles perguntavam ao pequeno mesmo sabendo que ele não podia falar por ser mudo. Ao ver aquilo o Chibamba partiu para cima do feitor e tentou empurrá-lo. Todos os outros riram daquela demonstração de força, então com muitas lágrimas nos olhos ele gritou que havia sido ele e somente ele quem na noite anterior virou aquele mostro. Para provar, envolto em uma magia que assustou a todos, ele dançou sobre as folhas de bananeiras e todas elas se juntaram nele formando um ser da mesma altura que os feitores. Todos pararam estasiados olhando a criatura na frente deles, então o Chibamba cheirando e berrando como um porco gritava a palavra ubuntu. Estava palavra da língua original de seus pais o lembrava do ensinamento de sua mãe que o dizia que eles deveriam ser sempre uns pelos outros ainda que os opressores pudessem parecer ser mais fortes e mais capazes. Recebendo uma força descomunal ele empurrou todos os feitores para fora da senzala libertando assim o seu irmão. Ele sabia que não podiam mais viver ali e então levou todos os oito irmãos e sua mãe para a floresta em um lugar no qual ninguém jamais descobriu a sua morada. Devido a este conto, com o passar dos anos muitas mães quando desejavam que suas crianças dormissem lembravam do Chibamba e cantavam músicas anunciando a sua vinda. A partir daquele dia o Chibamba usaria sua magia para assustar as pessoas e manter sua família a salvo. Por um certo período ele também usou o seu poder para se vingar, mas numa certa noite quando foi invocado por uma ama de leite, ele se deparou com o desfecho da profecia de Exu ao encontrar a pequena Dandara. Este conto é continuado na narrativa da personagem Dandara e será unificado no enredo geral do projeto.

Características:
O resumo que conta a história do Chibamba foi um dos maiores já criados, possivelmente as características necessárias já foram levantadas. Ainda assim serão reforçadas aqui da seguinte forma: conforme apresentado há certa relação do Chibamba com os eguns, logo ele deve ser representando com um aspecto espectral (isto irá reforçar o fato dele ser do elemento ar já que tem muita terra/mata em volta do personagem); deve haver um “easter egg” na ilustração referenciando a palavra ubuntu e a marca do sistema operacional. Isto poderá ser feito com o desenho do círculo na máscara que o Chibamba irá usar; Esta máscara deve ter associações com os eguns; conforme apresentando no conto do Chibamba, as suas vestes não serão apenas de bananeiras ainda que estavas sejam as referencias principais, devem haver palhas e outros itens do mato. Isto para poder representar uma roupa mais colorida assim como as vestimentas dos eguns; o Ilustrador contratado para construir o Chibamba já tem uma ilustração desse personagem e poderá usar ela como base para a construção dessa nova ilustração, devendo adicionar as características aqui listadas; O ilustrador caso deseje pode utilizar algum passo da dança lundu conforme vídeos de referencia para representar a posição da ilustração.

Escrito por Ramon Santos
Ilustrado por Filipe Sant'Ana

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